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Desde os tempos primitivos, em algumas tribos, os jovens só passavam a serem considerados adultos após terem sido aprovados em uma prova referente aos seus usos e costumes (Soeiro & Aveline, 1982). Há milênios atrás, chineses e gregos já criavam critérios para selecionar indivíduos para assumir determinados trabalhos (Dias, 2002). Na China, em 360 a.C devido a este sistema de exames, todos os cidadãos tinham a possibilidade de alcançar cargos de prestígio e poder. Na Grécia, Sócrates, sugeria a auto-avaliação - O Conhece-te a ti mesmo - como requisito para chegar a verdade (Soeiro & Aveline, 1982). |
Uma outra forma de avaliação era realizada através de exercícios orais utilizados pelas universidades medievais e mais tarde pelos jesuítas. Na idade média, as universidades tinham como objetivo principal a formação de professores. Os alunos que completavam o bacharelado precisavam ser aprovados em um exame para poder ensinar e os mestres só recebiam o título de doutor se lessem publicamente o Livro das Sentenças de Pedro Lobardo ou posteriormente se defendessem tese (Soeiro & Aveline, 1982).
A avaliação começa a assumir uma forma mais estruturada apenas depois do século XVIII, onde começaram a serem formadas as primeiras escolas modernas, os livros passaram a serem acessíveis a todos e criaram-se as bibliotecas. Nesta época devido a utilização de exames como forma de avaliação, esta ficou associada à idéia de exames, notação e controle, constituindo dessa forma a área de estudos chamada docimologia.
Uma outra área que destacou-se no final do século XIX até parte do século XX, foi a psicometria, caracterizada por testes padronizados e objetivos que mediam a inteligência e o desempenho das pessoas. No entanto com o passar do tempo, a utilização desses testes veio sendo substituída por formas mais amplas de avaliar em que o aluno começava a ser visto como um todo, um ser humano com todas as suas implicações (Abramowicz, 1996).
O termo "avaliação educacional" foi proposto primeiramente por Tyler em 1934 na mesma época em que surgiu a educação por objetivos, que tem como princípio formular objetivos e verificar se estes foram cumpridos.
Com o objetivo de conhecer se o motivo do fraco desempenho escolar dos negros americanos provinha das deficiências dos serviços educativos que eles recebiam, em 1965 a avaliação passou a fazer parte de metodologias e matérias que utilizam abordagens qualitativas como a antropologia, a filosofia e a etnografia. Neste mesmo ano, nos Estados Unidos, foi promulgada a Lei sobre a Educação Primária e Secundária pelo presidente Lyndon Johnson e por proposta do senador Robert Kennedy a avaliação dos programas especiais destinados a alunos de famílias pobres e marginalizadas passou a ser obrigatória.
Pouco tempo depois, a avaliação passou a ser obrigatória a todos os programas sociais e educativos dos EUA. Foi dessa maneira que a avaliação passou a fazer parte de outras áreas como filosofia, sociologia, economia e administração. Deixando assim, não apenas de ser monodisciplinar, mas assumindo uma forma mais ampla quanto aos seus métodos, tipos e objetivos.
Ao decorrer da chamada profissionalização da avaliação que ocorreu de 1965 até o início da década de 80, vários autores deram nomes aos diferentes enfoques da avaliação, porém todos eles valorizavam os métodos qualitativos e tinham um visão democrática da avaliação, levando em conta a participação e a negociação.
Um novo rumo no campo da avaliação surgiu em 1980, nos EUA e na Inglaterra, com o neoliberalismo e com a crise econômica o estado tornou-se controlador e fiscalizador. Como conseqüência dessas mudanças, a avaliação passou a ser um mecanismo fundamental dos governos nos seus esforços obsessivos de implantação de uma estrita cultura gerencialista e fiscalizadora (Bernstein, 1991 apud Dias 2002).
Nesta mesma época, especialmente na Inglaterra, começou-se a atribuir aos professores, por ser educadores, a responsabilidade sobre as dificuldades político e administrativas e aos insucessos econômicos do país (Dias, 2002). Nesse sentido, quanto a sua capacidade de responder as exigências do mercado, comércio e indústria, as universidades começaram a ser cobradas como se fossem empresas ou organizações competitivas.
Todos estes fatos históricos no campo da avaliação deram origem a sua conformação atual. Ainda hoje existe um certo conflito entre a utilização de métodos quantitativos ou qualitativos que coloca na discussão a real finalidade da avaliação, configurando-se dessa maneira uma questão filosófica.
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