Neurocognição

Regenerando o Cérebro

É possível que os pesquisadores consigam rastrear as cascatas moleculares que levam de um estímulo específico seja ele uma modificação ambiental ou um evento interno as alterações específicas na atividade genética, que provoquem aumento ou diminuição na neurogênese. Estarão, então, de posse de grande parte das informações necessárias para induzir a regeneração como queiram. A abordagem terapêutica pode envolver a administração de moléculas reguladoras essenciais ou de outros agentes farmacológicos, aplicação de terapia genética para fornecer moléculas, transplante de células-tronco, modulação de estímulos ambientais ou cognitivos, alterações na atividade física ou uma combinação destes fatores.

A compilação pode levar décadas. Porém, uma vez coletadas, as técnicas poderiam ser aplicadas de diversas maneiras. Poderiam fornecer algum tipo de regeneração, tanto em áreas do cérebro que sabidamente manifestem alguma neurogênese, quanto em locais onde células-tronco existam, mas estejam inertes. Talvez seja possível estimular células-tronco a migrar para áreas onde não costumam ir e amadurecer, tornando se tipos específicos de neurônios. Apesar de as novas células não serem capazes de restituir partes inteiras do cérebro ou recuperar memória perdida, poderiam, por exemplo, produzir quantidades valiosas de dopamina (neurotransmissor cuja depleção é responsável pelos sintomas da doença de Parkinson) ou de outras substâncias.

Pesquisas realizadas em áreas científicas correlatas auxiliam na busca por terapias avançadas. Por exemplo, diversos laboratórios aprenderam a cultivar células-tronco de embriões humanos. Altamente versáteis, elas são capazes de produzir praticamente qualquer tipo de célula do corpo humano, e um dia talvez possam ser estimuladas a produzir um tipo específico de neurônio, que seria então transplantado para locais lesados. Para solucionar a potencial rejeição de transplantes pelo sistema imunológico, poder-se-ia coletar células-tronco no cérebro do próprio paciente, em vez de utilizar as de um doador. Já foram desenvolvidas maneiras relativamente não invasivas de extrair essas células.

Estas aplicações médicas são ainda um objetivo de longo prazo. Um dos principais desafios é que as análises de fatores que controlam a neurogênese e das terapias propostas para distúrbios do cérebro terão de passar, em algum momento, dos roedores para seres humanos. Para estudar seres humanos sem interferir com sua saúde, será necessário lançar mão de protocolos extremamente inteligentes, com técnicas não invasivas, como imagens de ressonância magnética funcional (fMRI) ou tomografia por emissão de pósitrons (PET). Além disso, será preciso desenvolver mecanismos de defesa que garantam que os neurônios estimulados a se formar no cérebro humano (ou transplantados) executem exatamente o que desejamos e não interfiram nas funções normais do cérebro.