Após um período, algumas das células marcadas se diferenciam ou seja, se especializam em tipos específicos de neurônios ou células gliais (outro tipo principal de células cerebrais). O cérebro da cobaia é então removido e seccionado, e as partes recebem um corante para ajudar a localização das células que têm o marcador (sinal de que derivam das células originais), a que apresentam as características químicas e anatômicas de um neurônio.
Obviamente, seres humanos não podem ser testados dessa forma. O obstáculo parecia intransponível até que Eriksson deparou com a solução durante um período sabático com nossa equipe no Salk Institute. Em consulta com um oncologista, Eriksson, que é clínico, descobriu que a substância que utilizávamos como marcador em animais a bromodeoxiuridina (BrdU) coincidentemente estava sendo ministrada a alguns pacientes, em fase terminal de câncer da laringe ou da língua, que participavam de um estudo. Eriksson percebeu que, se conseguisse obter o hipocampo dos que viessem a falecer, poderíamos verificar se algum neurônio exibia o marcador de DNA. Isso significaria que havia sido formado após a substância ser ministrada, ou seja, que havia ocorrido neurogênese, presumivelmente através da proliferação e diferenciação de células-tronco durante a fase adulta do paciente.
Eriksson obteve autorização para a pesquisa. Entre o início de 1996 e fevereiro de 1998, recebeu o tecido cerebral de cinco pacientes, entre 57 a 72 anos de idade, falecidos. Conforme as expectativas, os cérebros apresentavam novos neurônios, especificamente aqueles conhecidos como células granulares no giro denteado. Devemos a prova da neurogênese humana adulta à generosidade desses pacientes. Desde então, a equipe de Gage, bem como Steven A. Goldman e colegas da facudade de medicina da Cornell University, têm isolado células cerebrais de autópsias e biópsias do hipocampo de adultos. Essas células conseguem se dividir em meios de cultura e serem induzidas a produzir neurônios, confirmando assim a possibilidade de haver neurogênese no cérebro humano adulto.