Destilação

A destilação é uma técnica muito antiga, ainda hoje largamente utilizada pelas indústrias, desde a petrolífera até a farmacêutica, para separar misturas com base nos diferentes pontos de ebulição das substâncias.

De forma geral, consiste na evaporação de uma substância através de aquecimento, para em seguida condensar seus vapores e, finalmente, recolher o líquido purificado num recipiente à parte.

Aparelho de destilação simples utilizado pelos alquimistas medievais indianos

Na época dos alquimistas, a destilação era utilizada para extrair a quinta-essência dos corpos, ou seja, a verdadeira virtude dos materiais.

Esta busca os levou, por exemplo, à produção de "água ardente", nome pelo qual era conhecido o álcool na Europa da Idade Média. As "águas ardentes", extremamente puras (álcool a 95°), eram misturadas com plantas, flores, frutos e raízes para que fossem obtidas substâncias aromáticas e voláteis - os perfumes.

Na prática alquímica, a matéria primordial era submetida a tratamentos (destilações) para que fossem eliminadas suas impurezas. Para tanto, era necessário que seus componentes fossem separados. Logo depois, eles eram novamente amalgamados por intermédio do sal, que também fixava os elementos voláteis, ou seja, as virtudes. Era preciso desprender a matéria por meio do espírito e libertar o espírito por meio da matéria, ou, em outras palavras, fazer do fixo, volátil, e do volátil, fixo, num processo em que as etapas são interdependentes. Desta forma, seria obtida a pedra filosofal.

Aprendendo com a alquimia

A transmutação dos metais no metal imperecível e puro - o ouro - e a obtenção do elixir para curar o maior dos males (a morte), constituiriam a realização máxima da alquimia, sua Grande Arte ou Grande Obra.

Os alquimistas associavam operações concretas a idéias filosóficas, ilusionistas e religiosas, que necessitavam, por seus poderes infinitos e sagrados, permanecer em segredo até o momento adequado para sua revelação ao escolhido (aprendiz). Estariam, assim, desenvolvendo um saber teórico e técnico que os possibilitaria acelerar o tempo e oferecer aos mortais a imortalidade. O alquimista é um elemento fundamental na realização das destilações, e não um simples observador. O criador (experimentador) e a criatura (experimento) constituem uma única coisa para a alquimia.

O ponto de vista do experimentador como participante, já consensual nas ciências sociais, foi também retomado pela física quântica, que alterou o termo observador para participante.

Volatilidade

Uma das propriedades físicas com as quais mais convivemos no dia-a-dia é a volatilidade de diferentes substâncias. Quem não sabe que a acetona evapora mais rápido do que o álcool e este, por sua vez, mais rápido que a água?

Para entendermos esse processo, temos que perceber que nem todas as moléculas de um líquido possuem a mesma energia. Algumas são mais lentas e outras mais rápidas, mas a maioria delas apresenta um grau de agitação médio (energia cinética).

No caso de moléculas mais energéticas, elas conseguem romper as ligações intermoleculares que as mantêm presas no interior do líquido, atingem a superfície do líquido e, assim, escapam para a atmosfera. Estando o sistema aberto, o fenômeno vai ocorrer de forma contínua até todo o líquido desaparecer, fenômeno chamado evaporação.

Num sistema fechado o fenômeno também ocorre, só que as moléculas não conseguem escapar. À medida que aumenta a concentração de moléculas de vapor, elas acabam se chocando entre si ou com o próprio líquido. Como conseqüência dos choques, acontecem transferências de energia entre as moléculas. Aquelas com menor grau de agitação são novamente capturadas pelas forças intermoleculares e voltam ao estado líquido, isto é, sofrem condensação. Depois de algum tempo, o sistema entra em equilíbrio dinâmico, com as moléculas passando continuamente do estado líquido para o vapor e do vapor para o líquido. O equilíbrio é atingido quando a velocidade do processo de evaporação se torna igual à velocidade do fenômeno de condensação, mantendo constantes as concentrações do vapor e do líquido, mesmo que suas quantidades não sejam iguais entre si.

Como a quantidade de vapor no estado de equilíbrio é sempre a mesma, a pressão permanecerá constante, desde que mantida a temperatura. Em decorrência, surge o conceito de pressão de vapor (p), que deve ser entendido como a pressão exercida pelo vapor no equilíbrio líquido-vapor.

Este conceito é relevante por ser uma medida da tendência de escape de um líquido, pois a uma determinada temperatura, e estando o líquido puro, a pressão de vapor depende da fração das moléculas na superfície do líquido que têm energia cinética para escapar das atrações das moléculas vizinhas. Desta forma, o ponto de ebulição de um líquido é a temperatura em que sua pressão de vapor é igualada à pressão atmosférica.