Cor

Dos atributos do solo a cor se destaca por ser a primeira característica que pode ser facilmente observada, sendo um importante indicador da organização do perfil, tanto vertical quanto lateralmente.

Muitos nomes de tipos solos são dados em função da cor, como por exemplo: Terra Roxa, que vem do italiano rosso (vermelho), Chernossolo do russo chern (escuro), Latossolo vermelho, Latossolo amarelo etc.

Os principais mecanismos que proporcionam a diferenciação das cores são também aqueles fundamentais na gênese dos solos: a acumulação de matéria orgânica, a translocação de materiais, a drenagem e a alteração das rochas.

Embora com restrições, a cor pode dar informações acerca de alguns constituintes dos horizontes. A matéria orgânica e os compostos de ferro são os principais agentes de pigmentação dos solos, geralmente atuando na matriz branca oferecida pelos silicatos.

As cores escuras (preto, marrom, cinza escuro) geralmente são conferidas pelo acúmulo de material orgânico. As cores claras apresentadas por solos bem drenados podem ser escurecidas pela presença de matéria orgânica. Solos provenientes de depósitos turfosos são negros, mas os depósitos de turfas semi-decompostas são pardo-escuros.

RANZANI (1969) observa que, para as condições tropicais, há a possibilidade da ocorrência das cores escuras como herança do material de origem (rochas máficas por exemplo). Além do material de origem, o carvão é outro elemento que pode conferir coloração escura aos horizontes superficiais.

O ferro, por sua vez, pode apresentar-se como ferro reduzido (Fe2 - ferro ferroso); ou ferro oxidado (Fe3 – ferro férrico) que pode ser hidratado, como a goethita (FeO (OH)), ou desidratado, como a hematita (Fe2O3).

O ferro oxidado é um potente pigmento, principalmente quando desidratado. A coloração vermelha está associada à maior concentração de óxidos de ferro desidratados, dando uma indicação de boa drenagem do solo. A hematita destaca-se por dar uma tonalidade vermelho-escura e, mesmo em baixa concentração, pode falsear a interpretação do conteúdo de matéria orgânica. Os solos originários de rochas máficas tendem a ter cores em direção ao vermelho escuro, refletindo a presença de maior teor de óxidos de ferro na forma de hematita.

Os solos que apresentam coloração amarela, por sua vez, indicam a ausência de hematita, e a maior ocorrência de ferro oxidado hidratado.

Os teores de Fe3 são reduzidos em função da pobreza de Fe na rocha original; altos teores de matéria orgânica e condições de redução.

Segundo RESENDE et alli (2002), em condições bioclimáticas secas, os solos não são tão vermelhos porque há liberação lenta do Fe, resultado da baixa taxa de intemperismo. Por outro lado, os solos tendem a ser mais amarelados em ambientes bioclimaticamente ativos, úmidos durante grande parte do ano, e com grande atividade biológica.

Os mesmos autores observam que a cor cinzenta pode ser dada pela ausência de ferro oxidado, podendo haver, ou não, a presença de ferro reduzido. A redução é comum em ambientes hidromórficos, onde a massa de solo encharcado é acinzentada (gleizada), podendo ser branca quando seca.

O manganês e o cobalto apresentam comportamento semelhante ao do ferro, o que pode ser um indicador importante de excesso ou deficiência desses três elementos. Em solos cinzentos bem drenados espera-se a carência desses elementos para plantas e animais; enquanto em ambientes encharcados, ao contrário, esses elementos podem encontrar-se concentrados em solução, o que pode resultar em toxidez (RESENDE et alli, 2002).

Os horizontes nem sempre apresentam um coloração homogênea, podendo apresentar manchas (mosqueados) que também devem ser observadas. Além da cor das manchas, avalia-se a modalidade e o grau de marchetamento, que são descritos em termos de abundância, tamanho, contraste e limite entre as manchas e a matriz.

Na classificação da cor é utilizada a Tabela de Munsell, que é uma coleção de cartelas contendo 170 tonalidades padronizadas, que representam a mistura de:

A tabela de Munsell é compostas por cartelas móveis vazadas. Para classificar uma amostra, deve-se coloca-la sob os orifícios até ser encontrada a cor coincidente, anotando-se a respectiva denominação e numeração. Na classificação deve se observar e anotar a coloração para o material úmido e seco.

Por exemplo: matriz de cor pardo avermelhada seca e úmida (5YR – seca 5/3; úmida 3/4), apresentando manchas vermelho-amareladas (5YR 5/8) com abundância comum, de tamanho pequeno, contraste distinto e limite claro.

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