História das Ciências
A Construção do Modelo Atômico
Módulo 1
- Turbilhão
- Em um vazio infinito, um número infinito de átomos de incontáveis formas e tamanhos está constantemente se chocando, uns contra os outros, em todas as direções, decorrendo daí em vários lugares um movimento em turbilhão. O primeiro efeito do Turbilhão seria de agrupar átomos semelhantes em forma e tamanho e esta seria a origem dos quatro elementos: terra, fogo, água e ar. Todas as partes do turbilhão entram em contato umas com outras. E é deste modo que o movimento das partes externas é transmitido às internas, tal qual uma engrenagem. Os corpos maiores oferecem maior resistência a este movimento transmitido do que os menores, simplesmente porque eles são maiores.
- O Exílio do Atomismo
- Ao mesmo tempo em que a filosofia Aristotélica eclipsou a importância dos atomistas, preservou o trabalho destes através das discussões sobre os trabalhos de Aristóteles. Um exemplo logo no primeiro século depois de Cristo, foi o médico Galeno (129-216) que escreveu sobre os atomistas gregos, especialmente Epicuro, em seus comentários sobre Aristóteles. De acordo com o historiador do atomismo Joshua Gregory, não havia nenhum trabalho sério sobre o atomismo desde a época de Galeno até os filósofos franceses Gassendi (1592–1655) (...) e Descartes[2] (1596-1650), ressuscitarem o tema no século XVI;
“O tempo decorrido entre estes dois ‘naturalistas modernos' e os atomistas antigos marca o exílio do átomo (…) É universalmente admitido que na Idade Média o atomismo foi abandonado e virtualmente perdido.” (Gregory, Joshua C. A Short History of Atomism From Democritus to Bohr, 1931).
Entretanto, nas Universidades medievais ainda se estudava Aristóteles – incluindo suas críticas ao atomismo – e parece improvável que todas as idéias atomísticas tenham sido perdidas no ocidente. Nessas universidades ainda existiam algumas raras expressões da filosofia atomística. Por exemplo, no século XIV, o filósofo cético Nicholas de Autrecourt (1299-1369) considerou que a matéria, o espaço, e o tempo eram compostos de átomos, de pontos e de instantes indivisíveis e que toda a geração e corrupção ocorrem pelo rearranjo de átomos materiais. As similaridades de suas idéias com o pensamento do persa al-Ghazali (1058-1111) sugerem que Nicholas podia estar familiarizado com o trabalho de Ghazali, talvez com o seu texto “Refutações a Averroes” (Marmara, 1973-74).
Portanto, “o exílio do átomo” é uma descrição apropriada do intervalo de tempo entre os gregos antigos e o renascimento do atomismo ocidental no século XVI, em vista a perpetuação do atomismo em outras partes do mundo durante esse período. Se o átomo estava exilado do ocidente, foi na Índia e no Islam que permaneceram as tradições atomísticas.
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Atomism. <retirado em junho de 2007>. Tradução própria.
- Escola de Mileto
- Escola de Mileto ou Milesiana, é chamada a escola de pensamento iniciada no Século VI a.C. na vila jônia de Mileto, na costa da Anatólia (porção asiática da atual Turquia), e tem como principais representantes os filósofos: Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes.
Esses pensadores introduziram novos conceitos que se contrapunham às idéias pré-estabelecidas de que os fenômenos naturais eram explicados somente pelas ações dos deuses. Os filósofos da escola de Mileto apresentaram ao mundo visões de natureza na forma de entidades metodologicamente observáveis. São, portanto, considerados um dos primeiros filósofos das ciências.
CRESON, André. A Filosolofia Antiga. São Paulo: Difel, 1960.
- Escola Eleática
- A escola Eleática foi fundada por Xenófane de Cólofon no sul da Itália atual, na Eléa, (atualmente Velia) de onde se origina seu nome. Seus principais representantes foram Parmênides e Zenon, todos dois de Eléa, e Melissus de Samos.
Para Parmênides, duas vias se apresentam àquele que procura a verdade : a primeira é a afirmação da existência do ser, via de acesso à verdade (o Ser é) e a segunda é o caminho da opinião que é um saber imperfeito, um não-pensamento, a doxa. Sua única via de acesso à verdade é a razão.Os sentidos não são mais que ilusão.
Parmênides tinha 65 anos quando conheceu Sócrates, em Atenas. Foi um dos representantes mais importantes da escola Eleática e um dos pré-socráticos que mais influenciou a filosofia ocidental.
Zenon de Eléa, discípulo de Parmênides, é considerado o criador da dialética.
- Nota
- Marilena Chauí em Introdução a História da Filosofia, volume I, nos diz que do ponto de vista cronológico, não poderíamos colocar Leucipo e Demócrito juntos, pois o primeiro teria tido sua akmé por volta de 450 a.C., (conforme Apolodoro), enquanto o segundo nasceu em 460-459 a.C. O primeiro é de Mileto, e suas preocupações são fundamentalmente cosmológicas, enquanto o segundo, de Abdera, tem preocupações éticas e técnicas, num tipo de pensamento que já faz parte do período socrático. O motivo pelo qual são colocados juntos (e Demócrito é colocado entre os pré-socráticos) é a existência de um único corpo de doutrina reunido num conjunto de obras, conhecidas como da Escola de Abdera, no qual é difícil saber o que foi escrito por Leucipo e o que foi escrito por Demócrito ou outros membros da escola.
Observação: akmé é um vocábulo de origem grega que quer dizer apogeu, clímax .
- Doxografia
- Consiste em sínteses do pensamento dos filósofos pré-socráticos e comentários a eles, geralmente breves, por autores de períodos posteriores. Aristóteles e Simplício fizeram doxografias sobre o pensamento de Demócrito.
Aristóteles, em seu livro Da Geração e Corrupção, sugere que Demócrito encontrou os argumentos de sua teoria na física e não na metafísica ao colocar um limite à divisibilidade, pois se esta é infinita, o nada não seria possível. Os átomos são insecáveis (não cortáveis), indivisíveis, o ser, o sólido, corpos primordiais ou grandezas primordiais, o primeiro princípio.
Segundo Simplício, Demócrito atribui as diferenças de forma, figura e peso como inerentes aos átomos e assume que a geração e a corrupção se processam com plantas, animais, mundos, enfim com todos os corpos sensíveis. Sendo a geração a combinação de átomos, e a corrupção a separação destes. Conforme Demócrito, a geração seria uma alteração. Deste modo os mundos seriam ilimitados, engendrados e perecíveis e os átomos ilimitados em grandeza e número e não perecíveis.
- Estóicos
- Os Estóicos pertencem a uma escola filosófica fundada pelo filósofo Zenão de Cicio (333 a.C. - 264 a.C.) em Atenas. Desenvolveu-se como um sistema integrado pela lógica, pela física e pela ética, articuladas por princípios comuns. Os estóicos sustentavam uma física materialista, porém a matéria era um continuum , em oposição ao atomismo epicurista. O mundo era por eles considerado como um todo orgânico, animado por um princípio vital, o logos spermatikós, que constituía a própria alma (pneuma)do mundo. A lógica estóica foi suplantada pela lógica aristotélica, entretanto, a ética estóica teve maior influência no desenvolvimento da tradição filosófica.
- Descartes e Gassendi
- Tanto Descartes quanto Gassendi pensaram em uma teoria corpuscular para explicar a constituição da matéria. Porém, para Gassendi o espaço entre as partículas era vazio, enquanto para Descartes não. Descartes portanto, não se inclui entre os atomistas. Sua teoria da luz é corpuscular, mas não atomista, pois Descartes não admitia o vazio.
- Aristóteles leu...
- Resposta: Aristótoles leu. Infelizmente nenhum dos trabalhos dos primeiros atomistas chegou aos dias de hoje. Somente comentários ou doxografias como as feitas por Aristótoles, que, apesar de sua oposição ao atomismo, foi um dos maiores responsáveis pelo que conhecemos hoje das idéias de Demócrito.
Demócrito foi atacado por diversas razões. Teólogos e metafísicos acumularam sobre seu nome as acusações pertinentes ao materialismo. É o primeiro a excluir todo elemento mítico e, por esse ponto de vista, é considerado um “racionalista” precursor, sendo o primeiro filósofo grego a explicar de maneira coerente diversos fenômenos sem introduzir nos momentos difíceis, um Deus ex-machina.